Resumo Introdução: A ataxia espinocerebelar 3 (SCA3) é uma doença hereditária associada à degeneração cerebelar e extracerebelar progressiva. Embora não haja terapia eficaz, alguns sintomas podem ser aliviados com tratamento sintomático. Sendo assim, identificar a presença dos sinais não-atáxicos pode contribuir para o manejo clínico destes indivíduos, melhorando sua qualidade de vida. Objetivo: Identificar a presença e frequência de sinais não-atáxicos em uma amostra de indivíduos brasileiros com SCA3 e investigar sua associação com a gravidade e duração da doença. Métodos: Para serem incluídos neste estudo transversal, os participantes deveriam ter diagnóstico de SCA3 e idade entre 18 e 70 anos. Os critérios de exclusão foram pontuação menor de 18 no Mini-exame do estado mental (MEEM), presença de outros problemas neurológicos ou ortopédicos. Vinte e três participantes foram avaliados através do Inventário de Sinais de Não Ataxia (INAS) e Escala de Avaliação e Classificação da Ataxia (SARA). Resultados: A pontuação média encontrada no INAS foi de [mediana (min-máx.)] 3 (0-6) pontos e 10 (2-23) no SARA. Apenas um participante não mostrou sinais não-atáxicos. As manifestações não-atáxicas mais prevalentes foram arreflexia, disfunção urinária, hiperreflexia e espasticidade. O teste de Spearman indicou correlação significativa moderada entre os escores do INAS e do SARA (rho = 0,428, IC 95% = 0,39-0,704, p = 0,033). Não houve associação entre os escores do INAS e a duração da doença (rho = 0,003, IC 95% = -0,398-0,704, p = 0,393). Conclusão: Arreflexia, disfunção urinária, hiperreflexia e espasticidade foram os sinais não atáxicos mais frequentes. Identificamos correlação moderada entre a presença de sinais não atáxicos e a gravidade da doença. Estes resultados podem ajudar os profissionais que lidam com esses pacientes.

Abstract Introduction: Spinocerebellar ataxia 3 (SCA3) is a hereditary disease associated with progressive cerebellar and extracerebellar degeneration. Although there is no effective therapy for SCA3, some of its symptoms can be relieved with symptomatic treatment. Identifying the presence of this signs in patients may contribute to their clinical management and thus improve their quality of life. Objective: To identify the presence and frequency of non-ataxia signs in a sample of Brazilian individuals with SCA3 and to investigate its association with severity and duration of the disease. Methods: This is a cross-sectional study. The inclusion criteria of this study were participants should be diagnosed with SCA3 and be between 18 and 70 years old. The exclusion criteria were participants with a score of less than 18 points on the Mini Mental State Examination (MMSE) and those with other neurological or orthopedic problems. Twenty-three participants were evaluated by the Inventory of Non-ataxia Signs (INAS) and the Scale for the Assessment and Rating of Ataxia (SARA). Results: The median score found for INAS was [median (min-max)] 3 (0-6) points and 10 (2-23) for SARA. Only one participant did not show non-ataxic signs. The most prevalent non-ataxic manifestations were areflexia, urinary dysfunction, hyperreflexia and spasticity. Spearman correlation test indicated a moderate and significant correlation between INAS and SARA scores (rho = 0.428, 95% CI = 0.39-0.704, p = 0.033). There was no association between INAS scores and the disease duration (rho = 0.003, 95% CI = -0.398-0.704, p = 0.393). Conclusion: Areflexia, urinary dysfunction, hyperreflexia and spasticity were the most prevalent non-ataxic signs. We identified a moderate correlation between the presence of non-ataxic signs and disease severity. This findings can help the professionals dealing with these patients.